Chile: Da tragédia à farsa

Por Iván Godoy. 28.03.2020. Não é fácil sintetizar o que acontece hoje no Chile. A situação está fora de controle enquanto a proteção e defesa dos direitos humanos e o futuro do pais. Segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)que nas últimas semanas percorreram o pais recoletando testemunhos de violações de direitos humanos: «Existe uma violação sistemática dos direitos humanos no Chile». A visita, que concluiu em Arica, levará centenares de casos para serem avaliados pela CIDH. Isto poderá concluir em uma sanção internacional ao Chile nesta matéria, depois do término da ditadura de Pinochet. O governo nega tal declaração da CIDH. A sociedade, mantém viva a mobilização, pois sabe que depois do feriado legislativo, do executivo e do judiciario, a atenção aos temas importantes, que deram origem ao conflito social, podem «esfriar». A certeza é que do jeito em que o goberno de Piñeira, o Congresso y o Poder Judiciario tem atuado. As forças repressoras do Estado, principalmente as Forças Especiais de Carabineros tem atuado de forma muito violenta contra os manifestantes, fazendo inclusive uso de gases venenosos, armas de fogo (com projetil de metal e não de borracha, soda cáustica,) e agentes infiltrados nos protestos) . Trata-se da pior resposta de um governo com o compromisso com a elite económica que como o povo que a elegeu. No mês de março o Chile pegará fogo. Março é o retorno dos estudantes – que deram origem a esta mobilização. Para entender o que acontece no Chile é preciso compreender que elite política, económica não querem ceder para modificar um modelo, sócio econômico e político que beneficiou por mais de 30 anos a uma oligarquia que transformou a promessa de uma democracia por uma plutocracia dos mais poderosos onde quase 30 % da riqueza pertence só a 1% da sociedade, numas das economias mais desiguais do continente. Onde os governos sucessivamente depois da ditadura, substituíram a economía familiar pela macroeconomia em importância para o desenvolvimento do pais. Enquanto os dados de inflação, desemprego, crescimento, renda eram os mais prósperos da América Latina, o chileno/a endividava-se com seus cartões de crédito para se alimentar. Um estudo revela que a principal divida dos chilenos y chilenas foi para a alimentação. Isto ilustra bastante bem o nível de qualidade de vida, onde os ingressos não são suficientes para chegar ao fim do mês. Onde os governos acabaram com porções importantes de nivel de pobreza para transformá-los em novos consumidores. O consumo é a base da economia do Chile, um país praticamente sem indústria, cuja principal fonte de ingressos provém do setor primário (extrativo e agrícola) sem muita sofisticação tecnológica. O futuro do Chile é a incerteza. Hoje temos 7% de desemprego, o mais alto em 20 anos, o dolar disparou, a inflação subirá e aumentarão os pobres. O Congreso aprovou leis que beneficiam novamente as empresas de previdencia privada as mesmas que não dão uma vida digna depois de anos de trabalho. Aprovaram leis que criminaliza os protestos, aprovarão leis que não otorgam paridadde de género, etnia e independencia política. A oligarquia teme a mudança do status quo com o processo constituinte ameaçando boicotar os acordos e o processo em si. ja o poder judicial acentua as desigualdades, colocando em prisão os cidadãos provindos dos setores mais pobres da sociedade. Eu defendo as manifestações embora isto tenha um custo social enorme. São, desde o dia 18 de outubro, quase 3.000 detenções. Acredita-se que ja temos quase 2.000 presos políticos, na maioria jovens, mais de 250 pessoas mutiladas da visão (isto é mais de 10 anos de conflito Israel – Palestina que usam o mesmo tipo de repressão do Chile), centenas de feridos e centenares de casos de violações de direitos da mulher e de menores. O presidente Piñeira conta com 6% de aprovação e ainda assim o congresso aprova seus projetos de lei. Nada importa enquanto se mantenham a quotas de poder, de dominação e de acumulação do capital financeiro. No Chile estamos vivendo o nosso próprio 18 de brumario: A história ocorre duas vezes: a primeira vez como uma grande tragedia (Golpe de Pinochet) e a segunda como una miserável farsa (o neoliberalismo).

Texto Publicado en un medio social de Brasil en el mes de febrero.

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Iván Godoy Flores es consultor de empresas y gobierno. Ingeniero en Administración de Empresas, Licenciado en Administración de Empresas y Magíster en Ciencias Sociales Aplicadas por la Universidad de Tarapacá. Es investigador en calidad de profesional y miembro del Grupo de Investigación en Psicología Política de la Universidad de Tarapacá. Es doctorando en la Universidad de São Paulo – Brasil. Es Director Ejecutivo del Grupo Liaison Consultoría SpA.

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